A corrupção é uma praga que atinge a política brasileira e de resto todo o mundo. Creio que política e corrupção foram criadas no mesmo caldeirão do capeta e bem jutinhas. São coisas antigas, aquecidas pela fogueira do mesmo quintal em que homem desenvolveu seu espírito gregário e resolveu delegar funções administrativas para um síndico da aldeia. Deduz-se que as famosas frases “essa assinatura não é minha”, ou “eu não sabia de nada”, ou “perguntem aos meus assessores”, ou “cunhado não é parente” remontam dessa época que também marca o nascimento do puxa-saco, conhecido algures e alhures como lambe-botas.

Bom, essa discussão agora nos parece inútil, porque não importa aqui a frase final que marcou o assassinato do ditador. Factum atque transactum est, o que restou foi apenas a moral da história, ou seja, quando o assunto é poder, tudo vale, pois o silêncio alcançado pelos conspiradores certamente deveu-se a promessas e suborno a seus pares no Senado. E eis aqui nossa abordagem inicial: a corrupção que se abraça à política e ao político e muitas vezes num abraço de afogado. Tem gente que prefere jogar uma vida fora, o próprio nome na lama, para garantir vantagens privadas com a res publica.
Por essas razões, os corruptos mentem e sustentam a mentira na maior safadeza. Quando vejo governantes – e aí pode ser presidente, magistrado, ministro, deputado, senador ou até mesmo um vereadorzinho de meia pataca –, jurarem que miado de gato é latido e que rolar na sujeira é a melhor maneira de se limpar, sinto em mim, de profundis, instintos primitivos não iguais, porém semelhantes aos que motivaram Brutus e seus desafortunados amigos, porque a corrupção é a raiz da miséria e indigência intelectual de boa parte de nosso povo. Mas depois me acalmo, porque creio que, mais cedo ou mais tarde, justiça será feita, mesmo que seja póstuma, ao se escancararem as tristes biografias dos corruptos nos livros de história.
(J. F. Nandé, 23/11/2011)
Expressões latinas deste texto
Et tu, Brute?: Até tu, Brutus?
De profundis: Das profundezas (Salmo 130).
Factum atque transactum est: Está feito e já passou (Marcus Tullius Cicero, 106 – 43 a.C.).
Res publica: A coisa pública.
Um comentário:
"A Justiça será feita, mesmo que seja póstuma" É isso amigo!
Luz!
Ana
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